Prostituição não é crime, é trabalho

Com mais curiosos do que manifestantes, cerca de uma centena de pessoas – algumas delas com os rostos cobertos por máscaras – manifestaram-se esta manhã no coração da capital para exigir à Câmara Municipal que não assedie as prostitutas e para pedir um espaço para trabalhar. .

O percurso começou pela emblemática rua Montera, normalmente marcada pela prostituição, e terminou na estátua de Mariblanca, na Puerta del Sol.

Segundo a Hetaira, organização que defende os direitos das prostitutas, a marcha foi convocada devido à suspeita de que a Câmara Municipal vai fechar o parque industrial Marconi , em Villaverde, à prostituição.

As prostitutas denunciam também os efeitos negativos que, na sua opinião, as políticas municipais estão a causar na sua actividade laboral nas ruas Montera, Ballesta, Desengaño, Casa de Campo, Villaverde e Capitán Haya, em Madrid, e noutros municípios de Alcalá de Henares.

Num documento aprovado pelas prostitutas, refere-se que os regulamentos e planos municipais “perseguem, molestam e afugentam” os seus clientes , “roubando-lhes os dados ou multando-os com diferentes desculpas”. “Queremos espaços onde possamos trabalhar com tranquilidade, com maior segurança, limpos, com caixotes do lixo, com locais para descansar, tomar um café ou refrescar-nos, bem iluminados e com bons acessos”, notaram.

A marcha começou ao meio-dia ao som de ‘Like a Virgin’ de Madonna e encerrou uma hora depois com Alaska e seu ‘Who Cares’. No meio, músicas e demandas. “Nem vítimas nem escravos, nós decidimos” ; “Estamos fartos de tantas costeletas políticas” ou “foder é um serviço à comunidade” foram alguns dos slogans da marcha, que foi seguida por uma faixa que dizia: “Não à perseguição, negociação de espaços”.

A marcha despertou o interesse de transeuntes que pararam para tirar fotos. A manifestação transcorreu sem incidentes, embora houvesse muito pouca presença policial.